MOMENTOS DO M.N.U

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domingo, 11 de setembro de 2011

Iº ciclo de Palestras 2011

Os Afros descendentes e os Movimentos sociais

Os Primórdios do Movimento Negro no Rio Grande do Sul

Este trabalho tem como pano de fundo as questões sociais que envolveram os negros vindos do continente africano, e a forma como se deu as mudanças. De que maneira eles se organizaram para exercer a sua cidadania, pois sabemos que os afros descendentes tiveram muitas contradições em seu modo de ser e viver. A cultura afra foi difícil de ser aceita pela elite europeia, pois a sociedade era totalmente formada pelos moldes europeus.
Até a abolição da escravatura em 1888, os movimentos sociais eram clandestinos, e radicais, pois a idéia sempre era a libertação dos negros cativos.
Após a abolição da escravatura, se intensificaram mais os grupos de afro descendentes que lutavam pelo direito de exercer sua cidadania. A maneira que os es - escravos acharam para exercer os seus direitos foi a criação de jornais dedicados a população negra, pois até então os es - escravos  e seus descendentes eram geralmente representados de forma negativa pelos jornais da grande imprensa. Os jornais eram voltados para públicos  específicos como os do movimento operário  e os das colônias de imigrantes estrangeiros. Foi neste contexto  de imprensa alternativa que  nasceram os jornais produzidos por negros, e voltados para a luta em defesa de suas questões, chamadas em conjunto de “Imprensa Negra”. Estes jornais era a expressão cultural, articulação de idéias e reivindicação política de um segmento sem voz ou visibilidade na sociedade brasileira. Neste mesmo contexto da época de formação da imprensa negra no Brasil também foram criados as associações, e os clubes só para negros.
Temos no Rio Grande do Sul jornais e associações criadas antes da abolição da escravatura e se espalhando em todo o país. Logo após a abolição surgem jornais dedicados especialmente para os afros descendentes, é o caso do jornal “O Exemplo”, que foi fundado em Dezembro de1892, circulando até 1897. Este jornal era voltado para negros e mulatos, era um dos mais engajados no esforço contra a discriminação racial no Estado do Rio Grande do Sul. Em 1902 a segunda etapa do jornal e em 1910 e 1916 a terceira e quarta etapa, já   no primeiro semestre de1930 ele encerra suas atividades. Este jornal era um semanário criado no salão de barbeiros Calisto ,na rua dos Andradas em Porto Alegre, a partir de conversas entre Artur de
Andrade( redator e editor, Clemente de Oliveira( oficial de justiça), e outros intelectuais preocupados com o andamento das questões raciais no país.
Em 1902 criou a Escola “O Exemplo”, em período noturno, voltada para o ensino primário, porém sem ensino religioso, já que defendia a liberdade de culto.
Em 1908, ele passaria a defender os trabalhadores em geral, o movimento operário e o sindicalismo.
Já em Pelotas teríamos “O Alvorada”, criado em 1907 por um grupo de intelectuais negros, fundado 19 anos após a abolição da escravatura no Brasil.
O Alvorada pretendeu desde seu primeiro número ser uma tribuna de defesa dos operários e dos negros de Pelotas. Este periódico talvez fosse o de maior longevidade desta fase denominada de “Imprensa Negra”.
Estes jornais publicavam os mais diversos acontecimentos, e criticavam oque afetava a população negra. Falavam do trabalho, da habitação, da educação e da saúde, tornando uma tribuna privilegiada para pensar em soluções concretas para o problema do racismo na sociedade brasileira, também esses periódicos constituíram veículos de denúncia do regime de “segregação racial”, que existia em várias cidades do país, impedindo o negro de ingressar ou frequentar determinados hotéis, clubes, cinemas, teatros, restaurantes, orfanatos, estabelecimentos comerciais e religiosos, também algumas escolas, ruas e praças.
Já as associações tiveram um cunho assistencialista, recreativo e cultural, as associações negras conseguiam juntar um número expressivo de homens de cor, algumas com formação de determinadas classes de trabalhadores negros, como ferroviários, funcionário dos correios, trabalhadores da construção civil.
Existiram na cidade de Pelotas várias associações antes da abolição da escravatura citamos algumas delas: Feliz Esperança, Harmonia dos Artistas e Fraternidade Artística, que mantiveram suas atividades, até meados de1917.
Após a abolição surgiram muitas outras.
Existiam associações formadas estritamente por mulheres negras. Em Pelotas formou-se a Sociedade de Socorros Mútuos Princesa do Sul em 1908.Esta associação teria em sua diretoria só mulheres, e perdurou até 1918.
Uma peculariedade destas associações é que poucas resistiriam por muitos anos. Com  a instauração do Estado Novo de Getúlio Vargas muitas associações  se extinguiram, ( deixaram de existir), vindo a reaparecer já no fim do Estado Novo
Em 1943 surgiu a União dos Homens de Cor, fundada por João Cabral Alves em Porto Alegre, seu interesse era defender os afros descendentes em todo o Brasil, tanto que se espalhou por vários  Estados .  No inicio de 1950, representantes da UHC foram recebidos  em audiência pelo então presidente Getúlio Vargas , ocasião em que lhe foi  apresentada uma série de reivindicações a favor da população  de cor.Um dos objetivos desta associação era elevar o nível econômico e intelectual das pessoas de cor em todo o território nacional, para torná-las aptas a ingressarem na vida social e administrativa do país em todos os setores de suas atividades. Esta associação prestava assistência de saúde e se preocupava com a preparação profissional e intelectual de seus associados e também com a questão da moradia, funcionou até a década de 60.
Em 1944 foi fundado o teatro experimental do Negro no Rio de Janeiro tendo a frente Abdias do Nascimento, que pretendia organizar um tipo de ação que tivesse significação cultural, e a busca da identidade, a consciência da negritude brasileira. 
Nascimento sentiu necessidade de resgate da cultura negra e seus valores, pois após a abolição, a herança cultural é que oferecia a contra prova do racismo. Este teatro engloba o trabalho de cidadania do ator por meio da conscientização e também da alfabetização do elenco. Eram recrutados para o teatro operários, empregadas domésticas, favelados sem profissão definida e modestos funcionários públicos. No começo Abdias tem dificuldades pois não tinha na época quase que historiografias que pudesse usar em papéis negros, ele descobre em O Imperador Jones , de Eugene ONeill, o retrato mais  aproximado  da situação  do negro após a abolição da escravatura. O autor cede gratuitamente os direitos e o grupo ensaia durante seis meses tendo aulas de interpretação. O espetáculo estreia em Maio de 1945 no teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Passa a oferecer curso de alfabetização, de corte e costura; fundou o instituto Nacional do Negro, o Museu do Negro e várias outras conquistas para reafirma mento do afro descendente na sociedade brasileira.
Abdias promove em 1945 uma Convenção Nacional do Negro, e em 1950, o primeiro Congresso do Negro Brasileiro, em 1955 realiza a semana do Negro, também edita o jornal “Quilombo”.
Nesta conquista dos nossos irmãos afro descendentes, no resgate da consciência de sua negritude , de seus valores culturais é que surgiu em Uruguaiana o Movimento Negro, que foi fundado em 18 de Abril  de 1988, esta associação sem fins lucrativos que era dirigido por um colegiado, tendo a frente o professor Ataídes e dona Elza Fontoura.
Esta associação foi criada quase três anos antes de ser instituído no município de Uruguaiana a Semana da Cultura Afro descendente, no dia quatro de Dezembro de 1991.
Esta associação busca a promoção do afro descendente como pessoa promovendo-o em seus direitos humanos. Promovendo cursos, seminários, exposições de artes, oficinas literárias e várias outras informações que buscam a cidadania e o intercâmbio entre a etnia afro e as outras etnias.
Hoje esta associação tem a frente como presidente a professora Stael Soraia , que  busca  resgatar o que outros movimentos sociais formados em todo o
Brasil buscam, a cidadania e a afirmação do afro descendente em seu meio social.
De uma forma geral os Movimentos Negros no Brasil tiveram como destaque a informação e a formação para os afro descendentes, pois foi a maneira de buscar a sua cidadania, e sua inclusão na sociedade que revelou-se após a abolição como preconceituosa, pois devido a política  do branqueamento e a vinda dos açorianos de países da Europa, o afro descendente ficou em segundo plano. Para reforçar a sua existência e mostrar aos governos existentes desde o começo da república no Brasil que o afro descendente criou grupos de resistência, como os Movimentos Negros. Com o passar dos anos foi ficando mais forte embora poucos governos dessem espaço e voz para a sua afirmação na sociedade. Os Movimentos Negros vieram com força total mesmo foi na década de 70 e 80, enquanto proposta política, como uma forma de protesto, e também nas centrais sindicais.
Já nos anos seguintes foram registrados avanços significativos nas lutas dos Movimentos Negros em todo o país principalmente contra o racismo.
Dos anos 90  até os dias de hoje podemos afirmar que os Movimentos Negros cresceram consideravelmente, pelo fato das lutas constantes desses movimentos, sentando e conversando com os nossos governantes para criar uma política de afirmação do afro descendente na sociedade brasileira, principalmente com a criação da Secretaria de combate ao racismo, que proporciona como já falamos o dialogo para amadurecer projetos que venham favorecer políticas de inclusão social.













Referências Bibliográficas:

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O Exemplo-wikpédia, a enciclopédia livre
Consciência de cor - Revista de História
Monografia: A escravidão em Uruguaiana, Cleusa Ludovina, Maio de 2011.